Wednesday, November 01, 2006

Filas de espera nas análises clínicas

Os doentes podem vir a ficar, pela primeira vez, numa lista de espera para fazerem análises ou exames clínicos nas unidades privadas de saúde convencionadas com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).


Esta é a previsão da Federação Nacional dos Prestadores de Cuidados de Saúde (FNPCS) relativamente à medida do Ministério da Saúde em manter, em 2007, a despesa que teve com o sector em 2006. Esta consequência é contestada pela tutela.

O secretário-geral da federação, Abel Henriques, não tem dúvidas: a falta de afectação de mais verbas para o sector – a despesa é de 671,2 milhões de euros – vai ter repercussões no doente que recorre aos convencionados.

“O Estado é o principal comprador dos serviços dos convencionados. Ora, a manter-se o crescimento zero da despesa – previsto no Orçamento para 2007 –, significa que esta medida vai proibir o investimento no sector. Sabemos que na área da Saúde isso é muito perigoso porque está exposta à evolução tecnológica.” Abel Henriques sublinha que a consequência mais natural deste estrangulamento no investimento é “inevitavelmente a quebra na qualidade e um entupimento na realização dos meios complementares de diagnóstico que pode levar, pela primeira vez, à existência de listas de espera”.

Confrontado com esta perspectiva da federação, que representa cerca de 1500 entidades prestadoras de serviços que têm convenção com o SNS, fonte do gabinete do ministro da Saúde, Correia de Campos, rejeita tais consequências. “O Ministério não admite que haja ou venha a existir qualquer diminuição da qualidade dos exames nem listas de espera nos convencionados resultantes do crescimento zero da despesa nesta área.

”Estas declarações dos convencionados surgem após o anúncio de que a tutela pretende liberalizar o sector, que passa por celebrar novos acordos com os privados.

Abel Henriques afirma que a medida é do agrado do sector, uma vez que permite que “os novos operadores possam contratualizar serviços com o Estado, situação que estava fechada desde há vários anos”.

NOTAS

MAIS PROCURA
As novas tecnologias e o aumento da esperança de vida conduzem a um aumento da procura dos serviços prestados pelas unidades convencionadas com o SNS, diz a federação. O aumento da procura implica mais gastos, mas o Ministério da Saúde quer controlar custos.

671,2 MILHÕES
As convenções representam no Orçamento do Estado para a Saúde dez por cento da sua despesa, que corresponde a 671,2 milhões de euros.

CONVENÇÃO
As convenções são acordos que o SNS presta com clínicas privadas, que permitem aos doentes fazerem exames médicos nessas unidades. O médico prescreve o exame e o doente escolhe a unidade de saúde, bastando exibir uma credencial.

ATRASO
Desde 1998 que a celebração de acordos entre o SNS e as clínicas privadas que têm aparecido está por regular, o que impede a entrada de novas unidades no mercado.

Cristina Serra (Correio da manhã)

1 Comments:

Blogger Teresa Lobato said...

O actual governo está a abrir a sua própria sepultura. E nós, os que estamos do lado de cá, temos o dever de informar e de expandir e de incomodar e de esclarecer. Talvez tenhamos de voltar ao tempo das sessões de esclarecimento; talvez montar uma mesa nos mercados e falar alto como dantes se falava. Mas falar em linguagem clara, para toda a gente entender. E chamar gatuno a quem anda a roubar e mentiroso a quem andou a mentir. Para bem da nossa dignidade e do direito à qualidade de vida.

Wednesday, November 01, 2006 9:56:00 PM  

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